programa | 2feira | 22 Maio | SDC2023


Semana da Composição 2023 | 22 a 28 de Maio

Escola Superior de Música de Lisboa

2ªf, 22 de Maio de 2023 


Conferências: 10h - 13h, Pequeno Auditório

10h | Dejana Sekulic (online): Ouvir com os dedos: a táctilidade do som na concepção da interpretação

11h | Luís Neto da CostaRevelar diferentes tons de ruído: o processo criativo de "Shades of White"

12h | Luigi AbbateTestamentos traídos


Concerto: 20h30, Grande Auditório

Programa completo:


Débora Coquim | Bi Chadar - Violino solo [ca. 7']
Violino - Tânia Nércio

Nota de programa:

É uma peça que representa a luta da mulher afegã pelos seus direitos enquanto Ser Humano e enquanto Música. É a urgência de se defender e de se afirmar através do violino.



Francisco Joaquim | (just barely) Reaching out - Saxofone Barítono Solo [ca. 8']
Saxofone Barítono - João Horta Correia

Nota de programa: 

“(just barely) Reaching Out” (2022), para Saxofone Barítono solo, pretende demonstrar a saída de uma hipotética zona de conforto num contexto social e artístico, assim como a dificuldade inerente a esta saída após um isolamento induzido por uma mudança de paradigma. A obra começa por apresentar um movimento caracterizado pelo sopro do saxofonista e por “key clicks” (som produzido ao pressionar as chaves do instrumento energicamente), estes criam uma separação/distinção entre a música que, à medida que são introduzidos novos motivos, procura fluir e as “quebras” produzidas por este efeito, quebras estas que visam parar o fluxo musical. Durante a obra conseguimos identificar movimentos mais fluentes assim como o ressurgir da ideia inicial que “quebra” o fluir da peça, aparecendo esta cada vez mais espaçada e até por vezes sendo substituída por momentos em que se pode sentir algo semelhante a ansiedade. Procurando assim mais uma vez replicar as dificuldades referidas acima. De forma geral pode ser observada uma evolução no processo de abandono desta zona de conforto hipotética à medida que os motivos apresentados começam a expandir o registo que utilizam. A obra inicia com notas isoladas e termina com um movimento energético que vai de uma das notas mais graves do Saxofone Barítono até a uma das mais agudas do instrumento.



György Ligeti Sonata - Violoncelo Solo [ca. 8']
Violoncelo - Pedro Massarrão



Sebastian Currier | Scarlatti Cadences and Brainstorm - Piano solo [ca. 10']
Piano - José Bessone do Couto 

Nota de programa:

Embora reunidas como um conjunto de peças curtas complementares para piano, Scarlatti Cadences and Brainstorm têm, cada uma, uma génese independente. Scarlatti Cadences foi escrita para a pianista Emma Tahmizian. As secções exteriores tomam fórmulas cadenciais "tipo Scarlatti" e expandem-nas, criando texturas delicadas, sonoras e efémeras, enquanto a secção intermédia emula o impulso percussivo de muitas sonatas de Scarlatti. Brainstorm, escrita para o pianista John Kamitsuka, foi composta enquanto eu estava em residência na Academia Americana em Roma e dedicada ao então embaixador dos EUA em Itália, Embaixador Bartholomew. A peça entrelaça constantemente cromatismos tonalmente ambíguos com progressões diatónicas simples de uma forma satírica e, por vezes, estridente. É nesta combinação de materiais harmónicos diversos e até opostos que as duas peças, Scarlatti Cadences e Brainstorm, se unem e partilham um fio condutor. Como um conjunto, a obra foi estreada no Concurso Van Cliburn de 2005.



Fernando Lopes Graça | Suite N.8 "In Memoriam Béla Bártok" - Piano solo [ca. 15']
Piano - Miguel Perdigão



Bárbara João Duas Almas - Dois trios. Trio Feminino: Fagote, Oboé e Flauta. Trio Masculino: Fagote, Oboé e Flauta [ca. 7']
Fagote - Mariana Tiago
Oboé- Sofia Rosa
Flauta - Carolina Faria
Fagote - Hugo Silva
Oboé - Miguel Dias
Flauta - Miguel Granja

Nota de programa:

A peça Duas Almas consiste em dois trios em simultâneo, um trio feminino e um trio masculino, cada trio é composto por uma Flauta, um Oboé e um Fagote. Esta peça tem como tema a relação de um casal emocionalmente dependente um do outro, onde o trio feminino representa a mulher e o trio masculino representa o homem. A Flauta F representa a alma a mulher, o Oboé F representa o desejo da mulher pelo homem e o Fagote F representa o corpo da mulher. A Flauta M representa a alma do homem, o Oboé M representa o desejo do homem pela mulher e o Fagote M representa o corpo do homem. No início temos logo a ideia do corpo de ambos, transmite um cansaço, como se tivessem a ser arrastados, são movidos pelo desejo que têm um pelo o outro, os Oboés, que representam o desejo, parecem completar-se musicalmente, assim como as Flautas, que representam a alma de cada um. A peça alterna entre partes tonais e partes não tonais, começando com uma parte não tonal, recorrendo ao Dodecafonismo, embora este seja muito subtil. Nas parte tonais recorri sempre à tonalidade de dó menor, por gosto pessoal. As Flautas têm partes teatrais, onde se levantam e até trocam de lugar uma com a outra, mostrando que são uma espécie de almas gémeas. O Oboé M também tem uma parte que se levanta e vai para o trio feminino, significando o desejo intenso que o homem tem pela mulher, e quase que ficam em uníssono mas estão sempre um bocado desfasados, porque nunca é completamente recíproco, ou bem sucedido. A meio da peça temos uma parte com uma maior densidade de ritmo que é uma espécie de discussão entre o casal, onde todas as partes estão envolvidas, e o Oboé, o desejo, volta para o seu lugar, demonstrando a falta de desejo do homem perante a discussão. Na última parte tonal temos uma espécie de Valsa a partir de um Coral, onde a melodia está nas Flautas, mostrando uma certa inércia do Desejo e do Corpo de ambos, transmitindo uma ideia de desistência, porém tem sempre um carácter de dependência porque nunca para completamente de tocar. Após esta secção os Oboés e os Fagotes terminam e saem de palco, ou seja, o corpo morreu e o desejo acabou, mas as Flautas continuam em palco, porque as almas do casal continuam juntas, dependentes uma da outra. No final da peça temos um solo da Flauta F, que representa a alma da mulher, que parece estar a lutar sozinha pelo casal, pois a Flauta M demonstra que desistiu, visto que está deitada no chão sem tocar. Quanto à capa, que é de autor anónimo, mostra exatamente este sentimento de dependência emocional, onde os corpos mesmo afastados parecem ter o seu esqueleto a sair para estar com a outra pessoa, causando danos ao próprio corpo. Podemos dizer que por serem tão dependentes acabam por se magoar, mas são ossos do ofício. A organização no palco tem a ver com a ideia da representação do Homem e da Mulher, por ser o Fagote que representa o corpo é consequentemente o primeiro a ser visto, depois o desejo, que embora não seja algo físico é algo que se demonstra fisicamente e por último a Flauta, pois a alma além de ser algo que não é físico, é algo que não se vê e que nem se sabe se existe, por estes motivos está praticamente escondida.



Rafael Baptista | 6:45 - Soprano, 3 Percussionistas, Eletrónica e Maestro [ca. 7]
Soprano: Joana Domingues
Percussão: João Leitão, Bruno Ivan Entrudo Pedreira e Tomás Jesuíno
Maestro: Leonardo Costa

Nota de programa:

Que horas são...? Não sei.
Preciso de saber. Não sei, deixem-me!
Diz-me, já estou atrasado!
Sete! Sete e quê?
Um quarto p'rás sete!