programa | domingo | 28 Maio | SDC2023

 

   

Semana da Composição 2023 | 22 a 28 de Maio

Escola Superior de Música de Lisboa

Domingo, 28 de Maio de 2023 


Concerto: 16h30, Grande Auditório

Programa completo:


O FIM - Ópera Íntima (2003) [ca. 45]
de Carlos Marecos, com libreto de Paulo Lages a partir do texto dramático de António Patrício

Sinopse:

O Fim – ópera íntima (2003), de Carlos Marecos, é uma ópera de câmara em dois quadros para soprano (A Rainha), ator (O Desconhecido), três recitantes e ensemble composto por clarinete, trompa, piano, violino, violoncelo e contrabaixo. Neste concerto, apresenta-se apenas o primeiro quadro, no qual A Rainha é a protagonista. Esta obra resulta da parceria entre o compositor e o encenador Paulo Lages, libretista da ópera, que adaptou o texto homónimo de António Patrício, de 1909, realizando um libreto criativo.  
O Fim, de António Patrício, remete-nos ao Portugal do final da monarquia. A Rainha deambula pelo Paço Velho, evidenciando sinais de loucura. Acompanhada somente pela Aia, pelo Duque e alguns criados - uma vez que toda a corte já havia partido - planeia uma receção que a homenageie pelo seu aniversário, ignorando que o país esteja a ser invadido por tropas estrangeiras. Aterrorizada pela dor, embala a morte para que ela não acorde e rega as flores do tapete. Embora nunca haja qualquer referência, acredita-se que A Rainha de Patrício seja inspirada na rainha D. Maria Pia, que começou a evidenciar sinais de demência após ter passado pelo desgosto da morte do seu filho, o rei D. Carlos I, e do seu neto, o príncipe herdeiro D. Luís Filipe, após o regicídio de 1908. 
Aquando da adaptação do texto original para libreto, Paulo Lages tomou a opção de criar três recitantes, que assimilam as falas das personagens originais do Duque, da Aia, do Ministro e dos criados, intercalando-as com frases retiradas das didascálias, que nos dão conta das três dimensões temporais ao longo da ação: a do passado, correspondente às memórias de outro tempo, exprimidas pela Rainha; a do presente, que nos surge na ópera tanto pelas indicações dos recitantes, como pelos acessos esporádicos de lucidez da própria Rainha; e a do futuro, através de premonições inscritas no discurso d’A Rainha e dos recitantes.
Esta abordagem foca-se na adequação vocal à emotividade d’A Rainha, procurando realçar os efeitos vocais e as variações tímbricas que poderão contribuir para o retrato do mundo interior desta personagem, recorrendo-se à amplificação para denotar o caráter intimista da ópera, numa perspetiva quase cinematográfica. A encenação contempla a vertente multi-instrumentista da interpretação, proporcionando transições fluidas entre os momentos em que A Rainha surge ao piano e em cena. As transições são agilizadas pelos recitantes, que a encenadora optou por integrar como atores, dada a importância das suas intervenções para o decorrer da ação. 

Cláudia Anjos


A Rainha | Cláudia Anjos
Recitante A | Catarina Carvalho
Recitante B | Marta Assunção
Recitante C | Francisco Barata

ClusterLab M ensemble da ESML
Clarinete | Aicha Boukouis
Trompa | João Salvador
Violino | Filipa Gouveia
Violoncelo | Inerzio Macome
Contrabaixo | Raquel Leite
Piano | Maria Catarino
Direção | Carlos Marecos

Encenação | Margarida Marecos
Figurinos | Margarida Marecos e Carlos Marecos
Luz | Carlos Marecos, Pedro Ferreira, Pedro Sebastião
Som | Sérgio Henriques, David Pissarro, Pedro Sebastião
Vídeo Mapping | Pedro Ferreira