Semana da Composição + Noise Floor 2024 | Programa 6ªF, 31 Maio
6a Feira, 31 de Maio
10h, Pequeno Auditório
Joana Sá: "a body as listening" - caminhos para outros paradigmas de compositor/a-performer
A dicotomia composição/performance é uma criação do séc. XX que surge, entre várias outras razões, como uma "distância de segurança" entre os dois métiers, que procurava acabar com aquilo que era visto como sendo uma subjectividade frívola do paradigma de compositor-intérprete do Romantismo: o paradigma compositor-intérprete passou a ser visto como estando condenado a sucumbir a essa subjectividade. Para criar imunidade a este ideal de subjetividade musical, criou-se então, além da separação destes papéis, um novo ideal: o da objetividade.
A partir do meu trabalho enquanto artista-compositora-pianista, que faz a desconstrução das dicotomias performance/composição, eu/outro, controlo/fora de controlo, subjectivo/objectivo, sujeito de escuta/objeto de escuta, etc. falaremos de caminhos para outras concepções de performer-compositor, que partindo do(s) corpo(s), da escuta ligada a ideias de alteridade, e da relação com a (i)materialidade, se abre a outras formas de criação musical. Falaremos sobretudo a partir do meu mais recente trabalho "a body as listening - resonant cartography of music (im)materialities" que tem múltiplos outputs autónomos, mas complementares entre si - a performance estreada este ano na Culturgest, o disco editado pela Clean Feed, o livro editado pela Sistema Solar/ Teatro Praga, uma instalação virtual, etc. Será um enorme prazer partilhar estas ideias e discuti-las convosco!
11h, Pequeno Auditório
Pedro Faria Gomes (Cardiff University): Composição em Diálogo: Citação e Paráfrase em Suite J e Sonatina
12h, Pequeno Auditório
Miguel Pires de Matos e Carlos Caires: Sobre o Filme “Eduardo, Walter e Leonidov”
Eduardo, Walter e Leonidov são três porquinhos provenientes do sul, norte e leste da Europa. Na sequência da morte da sua mãe, empreendem uma viagem por 3 universos arquitetónicos diferentes, experimentando 3 formas distintas de habitar e de relacionamento com a natureza. Nestes mundos, tradicional, modernista e contemporâneo, cruzam-se com vários lobos e aves migratórias que despertarão receios e colocarão à prova a sua generosidade.
Nesta conferência falaremos do filme de animação “Eduardo, Walter e Leonidov”, seguido do visionamento do mesmo.
Instalação Sonora de Ricardo Almeida, Poltergeist | 15h - 19h, Sala 0.62
“Poltergeist” is a 16-channel acousmatic interactive piece that contemplates the societal abyss forged by the ascension and dominance of texting culture, refleting on the depersonalization that pervades our exchanges: a message written by one individual is scarcely distinguishable from that of another, whether human or artificial. Everyday interactions thus become indistinguishable from encounters with abstract entities, similar to poltergeists.
This piece represents a continual interaction between the composer, the participant, and an entity driven by artificial intelligence, all engaging through both text and sound. In this arrangement, the smartphone serves as a medium, working alongside the loudspeakers to facilitate the exchange of communication that threads throughout the installation.
Poltergeist [substantivo]
“um fastasma barulhento e geralmente pernicioso, responsável por ruídos inexplicáveis”. Originado pela junção das palavras alemãs polter (fazer barulho) and geist (espírito).
"Poltergeist" é uma peça acusmática que contempla o abismo sociológico fabricado pela ascensão e domínio da cultura de instant messaging, refletindo a despersonalização presente na comunicação contemporânea: uma mensagem enviada por um indivíduo é escassamente distinguível da de outro, seja este humano ou artificial. As interações quotidianas tornam-se assim indistinguíveis de encontros com entidades abstratas, semelhantes a poltergeists.
Esta peça representa uma interação contínua entre o compositor, o participante e uma entidade movida por inteligência artificial, todos a comunicar através de texto e som. Neste arranjo, o smartphone atua como um meio, trabalhando em conjunto com os altifalantes para facilitar a comunicação que percorre durante a instalação.
Mais informações, notas de programa, Marcações em https://ricardoalmeida.art/
Concerto Final | 21h, Grande Auditório
"I Am! is a song inspired by the last stanza (with exclusion of one verse) of the poem of the same name by John Clare.
“I Am! é uma canção inspirada na última estrofe (com exclusão de um verso) do poema homónimo de John Clare.
"I long for scenes where man hath never trod
A place where woman never smiled or wept
[...]
And sleep as I in childhood sweetly slept,
Untroubling and untroubled where I lie
The grass below -- above the vaulted sky""